terça-feira, 23 de setembro de 2008

Página em branco na vida de um ser é nascimento. Primeira palavra já soa como conseqüência de ínumeras frases somente pensadas, modificadas e soltas como murmuríos, gemidos, ruídos aos ouvidos insensíveis. De paz chama-se a vontade de guerra. De violência chama-se a ação de buscar. O raciocínio e a vontade não passam de primeira palavra aos revolucionários reais. É a Paz Silenciosa que reina nos corações guerreiros escondidos hoje em dia. Escondidos da censura social.
Por que a exclusão de nobres almas do passado? Penso que hoje é condenado qualquer tipo de reação ao reacionário. Isto porque a esquerda e direita se mesclam protestando juntas por um mesmo poder. Já não há mais uma verdadeira intenção de mudança. São uma mesma nação, um mesmo povo, um mesmo lado. Se há moeda? Talvez dentro de um saquinho bem guardado no bolso interno do manto do frei. Robin Hood já morreu e não mais perduram suas lendas. Lendas que morreram após o primeiro mês de outono.
Entristece-me ver o novo sem herói. Pior que pensava, entristece-me mais ver o novo com heróis de moda. Sim, pois hoje os heróis morrem a cada estação. Como para Vivaldi, o vento que sopra no inverno, morre no verão. E se a paz mora no outubro, a guerra nasce no abril. Compreensão, Resignação e Comodismo foram os últimos três heróis que assisti por mais de uma época. Hoje a lei é o narcisismo. Dorian pede passagem e pinta meninas de doze anos vestindo minissaias. Não por ser confortável, mas pela beleza das pernas bem torneadas a fazer inveja em senhoras de vinte e cinco. Cumprimenta donzelas de quatorze e se deita com Senhoritas de dezesseis. Aos quarenta elas se casam, pela quarta vez, aos cinquenta estão todos mortos. Afinal, pra que as flores no caixão se não para adornar algo ainda mais belo? Por isso, morra na primavera.
Creio termos entrado numa era em que tudo se aceita, tudo se renova em pouco tempo e é aceito o mais novo que o novo. Que loucura! Diria à Paz que se esconda. Quando lembrarem-se de sua época, se é que é verdade mesmo essa história de que boas tendências costumam voltar, ela estará perseguida por milhares, milhões. Mas não acredito que hajam merecedores hoje em dia. Não julgo por eles, mas por mim a escrever essas linhas tortas , desconexas e inexatas.
Vejo amanhã um hoje que é mais ontem que o mês que vem. O tempo passa mais rápido pros que buscam pará-lo, o tempo não passa pros que não ligam pra ele. Esse mesmo tempo se mostra inexistente para os descrentes do futuro. Afinal, estamos na época do AGORA, do hoje e da revolução. Mas que revolução mesmo?
Lutar? Crescer? Pra que se podemos só viver? Sejam bem vindas as quatro estações, o tempo e o mundo do agora. Esqueçam o amanhã, o ontem e vivam o que dá tempo, depois se vê no que dá.
As Épocas morreram com os heróis. As fases se foram com Vivaldi e seu vento. Robin Hood levou os valores e o Frei , de bom que era, nos levou as riquezas. Vivamos então esse tempo de mesmice, novidade igual e falsa revolta.Que descanse em paz a pobre Paz dos Justos.